Plantio da soja: o que envolve o "termo" qualidade de plantio?
Uma expressão muito utilizada na sociedade e que se refere muito ao sentimento de reconhecimento é “você colhe o que planta”. Usualmente, a expressão remete à não esperar bons resultados de atitudes ruins. No campo e nas práticas agrícolas o significado da expressão não muda, as empresas, os grupos e os pequenos produtores realmente colhem o que plantam, e se a expectativa é essa, qual a interferência da atividade “plantio” na colheita da soja daqui 3 meses?
O primeiro fator de interferência no plantio da soja é a chuva, o que a âmbito de planejamento e medidas preventivas não têm muito que possa ser feito. A cultura do grão em questão é muito sensível à falta de umidade, durante o período de germinação, e a prorrogação do período de plantio devida falta de chuva interfere na janela das cultivares que viriam a substituir a soja no pós colheita. Um exemplo desse tipo de situação é a safra 20/21 no centro oeste do país.
Partindo desse pressuposto, quais são as preocupações referentes à qualidade de plantio que podem ser corrigidas ante a implantação da cultura? Se o plantio fosse uma receita, poderíamos dividir sua execução em três ingredientes principais, o solo, a semente, e a máquina, e entre os ingredientes sempre existe o cozinheiro responsável por executar a receita.
Primeiramente cabe ao solo a capacidade de suprir as necessidades fisiológicas antes e depois da germinação dessa semente. O tipo de solo mais que nunca é influente, mas o manejo é a chave para o desenvolvimento e eficácia de sua fertilidade. Por isso, o conhecimento sobre os nematóides presentes no solo vem antes mesmo do plantio da soja, as variedades do grão são rotacionadas com o intuito de conter esses organismos ao longo dos anos e garantir um solo saudável. As operações como a subsolagem também são eficazes no que diz respeito à saúde do solo, assim como a incorporação de insumos e adubos antes e após o início do desenvolvimento da cultivar.
Agora que já sabemos o que esperar do solo, é necessário o entendimento da contribuição do tratamento de sementes. Antes de ser subentendida ao processo de germinação no solo a semente é tratada com o intuito de ser um material mais fluido (no sentido da relação vácuo/semente na máquina), pra isso, é inserida uma camada de grafite que faz com que quando sugada essa semente deslize pelas mangueiras da plantadeira e seja enviada na dose correta aos discos. Além disso, o tratamento de semente inclui película protetora na semente de soja que garante nos três primeiros estágios resistência a lagartas que se contaminam ao se alimentarem da cultivar.
E quando a chuva, o solo, e a semente são viáveis ao plantio é da máquina a responsabilidade de manter a qualidade. Partindo do ponto em que a marca não vai fazer diferença e de que o modelo escolhido é o que convém a necessidade do produtor o que faz com que o maquinário interfira ou não na qualidade é o seu bom funcionamento. Alguns pontos a se destacar são a pressão do vácuo ideal garantindo uniformidade de sementes no sulco, a regulagem de cada carrinho padronizada para que a profundidade de sementes em cada linha seja a mesma e a abertura dos discos cobrindo as linhas dos sulcos.
É por isso, pelo fato de cada componente do plantio estar totalmente interligado, que quando algo como a falta de insumos dessa safra ocorre todo planejamento do plantio é comprometido. A falta desses insumos na fase inicial da safra influencia na qualidade e volume de grãos a serem colhidos, a safra 21/22 trouxe a perspectiva de que vários aspectos do plantio são sensíveis e interferem na produtividade final. No entanto, finalizar uma safra é sempre um desafio e o jogo de estratégias que faz com que esse tipo de situação seja driblada é o que mostra o quão adaptados e preparados estamos para esse tipo de operação.
Leituras recomendadas e referências:
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