top of page

Perdas com o armazenamento irregular de grãos

Por: Tállyson Fernando da Fonseca


O Brasil é conhecido como um dos maiores e principais produtores de grãos do mundo, superando recordes de produção anos após anos com a implantação de novas práticas e tecnologias de cultivo. A partir disso, uma das principais etapas pós-colheita é o armazenamento de grãos, na qual visa manter a qualidade e a integridade dos produtos por meio de técnicas e processos que buscam evitar que os grãos se deteriorem pela ação de microrganismos. Todavia, a quantidade de grãos que é produzida no país é bem maior do que a capacidade de armazenamento, implicando com que parte dessa produção seja perdida com as más condições de estocagem desses produtos e pela ação de intemperes.


Fonte: Canal Rural.


Mesmo o nosso país apresentando uma alta taxa de produtividade de grãos, em um estudo realizado recentemente foi constatado que a partir da colheita, passando pelo armazenamento, transporte e escoamento final, cerca de 20% de toda essa produção é perdida por ataques de insetos, roedores, fungos, bactérias e outros microrganismos. Dessa maneira, além de proporcionar perdas quantitativas, a massa de grãos pode estar sujeita a perdas na qualidade.


Em uma propriedade agrícola podemos evidenciar as perdas quantitativas quando os grãos expostos a céu aberto estão sob a ação de intemperes como as chuvas e as flutuações da temperatura ao longo do dia, implicando assim em perdas pela intensa proliferação fúngica, ataques por redores, insetos e pássaros. Além disso, com a ausência de aeração, as camadas inferiores da massa de grãos serão afetadas levando a problemas gravíssimos como a combustão. Ademais, como estes grãos estarão expostos, diversos outros fatores como o roubo, carreamento por enxurradas e outros poderão causar perdas quantitativas. Por fim, tem-se ainda as perdas originadas pela atividade metabólica dos grãos, como é o caso da respiração que são influenciadas pelo teor de água e pela temperatura do meio intergranular. A partir disso, essa atividade proporciona o aumento da umidade relativa do ar, dando condições propícias para o desenvolvimento e reprodução de microrganismos.


Já as perdas qualitativas estão associadas pela proliferação fúngica, resultando assim na produção de micotoxinas que afetam a qualidade do produto. Além disso, com a incidência de chuvas sobre a massa de grãos ocasiona em um aumento de umidade, fazendo com que ela fique fora da faixa adequada. Para mais, a presença de insetos, pássaros e roedores ocasiona em uma produção de excrementos como a urina, contaminando assim os grãos e podendo torna-los impróprios para o consumo ou o processamento dos mesmos. Por último, a ausência de um ambiente fechado limita a aplicação de produtos para controle de pragas e doenças.


Portanto, uma medida passível de ser adotada para minimizar essas perdas podemos destacar a construção de uma unidade armazenadora a nível fazenda, com a adoção de pequenos silos que apresentam equipamentos de termometria e aeração facilitando a manutenção da qualidade dos grãos. Além do mais, um produto agrícola quando está conectado com planta mãe atinge a qualidade máxima e quando é retirado, possui a tendência de perder qualidade gradativamente durante o tempo. Logo, o quanto mais rápido for feito os tratos para conservação do produto, a perda da qualidade é minimizada e, como a unidade armazenadora do tipo fazenda se encontra mais próxima a planta mãe, é a mais indicada para começar os processos de conservação. Por fim, para o caso de uma produção inesperada, os silos bolsa é uma ótima alternativa de armazenamento, especialmente quando as estruturas fixas estão ocupadas.



Referências

CAMPOS, Renata Cássia. Tema 1: Estrutura brasileira de armazenagem. Viçosa, 2020. 13 slides, color. Elaborada pela professora de Secagem e armazenagem de grãos do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa.


PAZOLINI, Kelly. Pós-colheita de grãos: danos de pragas e patógenos. 2019. Elaborado por Agromove. Disponível em: https://blog.agromove.com.br/danos-pragas-pos-colheita-graos/#:~:text=Apesar%20de%20sua%20relev%C3%A2ncia%20mundial,transporte%2C%20armazenagem%20e%20escoamento%20final.. Acesso em: 08 abr. 2023.


RODRIGUES, Thais. Quais Os Cuidados O Produtor Precisa Ter No Armazenamento De Grãos? 2022. Disponível em: https://cerradocase.com.br/blog-cuidados-com-o-armazenamento-de-graos/#:~:text=Ao%20todo%2030%25%20da%20produ%C3%A7%C3%A3o,ap%C3%B3s%20a%20colheita%20de%20gr%C3%A3os.. Acesso em: 08 abr. 2023.


RURAL, Canal. Falta de armazéns fará produtor estocar grãos a céu aberto: Entidade de Mato Grosso fala em um déficit de armazenagem no estado superior a 35 milhões de toneladas. Outros falam que silo bolsa é solução. Será? Pedro Silvestre, de Jaciara (MT) O clima ajudou e as safras de milho e soja foram muito produtivas. Se este fato é bom na parte agrícola, na financeira não…. 2017. Disponível em: https://www.canalrural.com.br/projeto-soja-brasil/falta-de-armazens-fara-produtor-estocar-graos-a-ceu-aberto/. Acesso em: 10 abr. 2023.


ZEYMER, Juliana Soares. Relação entre atividade respiratória, perda de matéria seca e qualidade dos grãos armazenados. 2021. Elaborada por uma engenheira agrônoma, doutora em engenharia agrícola, pesquisadora da Procer Automação e Sistemas.. Disponível em: https://www.procer.com.br/post/rela%C3%A7%C3%A3o-entre-atividade-respirat%C3%B3ria-perda-de-mat%C3%A9ria-seca-e-qualidade-dos-gr%C3%A3os-armazenados#:~:text=Deve%2Dse%20ressaltar%20que%20a,momento%20da%20comercializa%C3%A7%C3%A3o%20do%20produto.. Acesso em: 10 abr. 2023.

Comentários


Posts Recentes

Arquivo

bottom of page