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O julgamento consciente na era da computação


Em uma época definida pelos avanços tecnológicos, assim como seus incontáveis e desconhecidos efeitos nas relações humanas, há espaço para o julgamento consciente quando tantas responsabilidades são entregues à mão de máquinas e seus algoritmos¹?


Atualmente sua aplicação é generalizada e intensa, presente em sistemas bancários, de investimentos, transporte, até áreas militares, deixando vidas humanas suscetíveis à decisão de algumas linhas de código de computador. Por outro lado, seu emprego tem permitido inúmeros avanços em todos os campos imagináveis, agilizando todo o processo de monitoramento, assim como o aspecto decisório, que a pouco tempo eram realizados exclusivamente por pessoas. No entanto, será que entendemos de fato como tais algoritmos agem? será prudente nos limitarmos ao papel de espectadores enquanto decisões tão importantes são tomadas por nós?



São variadas as aplicações, no entanto, tem-se em perspectiva o quão complexo esses programas podem se tornar quando se compara a extensão da linguagem utilizada para automatizar determinadas tarefas. Para tal, basta analisarmos que somente em um software de um automóvel autônomo pode-se ter até 100 milhões de linhas de códigos, permitindo que os condutores mantenham suas mãos fora do volante. Em outra análise, para a seleção de resultados e anúncios em uma sessão no Facebook, ou em uma simples consulta na ferramenta de buscas do Google, pode-se ter envolvidos até 62 milhões e 2 bilhões de linhas, respectivamente, evidenciando também um fenômeno cultural, em que algoritmos detêm o poder das informações que você tem a sua disposição, assim como do tipo de conteúdo que consome em redes sociais.

Para o campo da engenharia, em que o PET.EAA está inserido, são muitos os programas existentes que propõe a automatização de cálculos e decisões de projeto, tão complexos como os citados acima, cabendo citar softwares de cálculos estruturais, recomendação de fertilizantes, demandas hídricas, delimitação de bacias hidrográficas, e muitos outros. Dessa maneira, percebe-se que a essa altura é seguro dizer que leigos no assunto de ciências da computação definitivamente não tem dimensão de como tais decisões são tomadas por eles. Assim, surge uma pergunta muito simples: “Podemos delegar toda essa responsabilidade para as máquinas? Você assumiria um projeto confeccionado por elas, mesmo sem saber como aquele resultado foi obtido?”.


Certamente a presença da automação em nosso cotidiano não deixará de existir, na verdade, a perspectiva é que estará presente em proporções cada vez maiores com o passar dos anos. É nesse cenário que se deve apontar o julgamento crítico inerentemente humano como um meio vital para a supervisão dessas máquinas. Não basta apenas aceitarmos suas conclusões e direcionamentos. Caberá cada vez mais a nós abraçar a responsabilidade de se julgar todo o exposto afim de determinar em última instância se cabe ou não para a vida real, afinal de contas, nós que interagimos com o mundo.


1 - “Algoritmos são sequencias de passos lógicos direcionados para a automação de decisões. Sendo essa sequência expressa em linguagem de programação para máquinas.”




Referências:


O mundo mediado por algoritmos. Disponível em: <https://revistapesquisa.fapesp.br/o-mundo-mediado-por-algoritmos/>. Acesso em: 20 fev. 2021.


Cinco temas imperdíveis debatidos na Bett Educar 2019. Disponível em: <http://fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/cinco-temas-imperdiveis-debatidos-na-bett-educar-2019/>. Acesso em: 18 fev. 2021.


Algorítimos: o que são e como fazem parte do cotidiano? Disponível em: <https://www.politize.com.br/algoritmos-o-que-sao/#:~:text=Os algoritmos são muito usados,essas operações em modo manual.>. Acesso em: 19 fev. 2021.



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