Microplástico: Um poluente em ascendência
por Ana Beatriz Carvalho Bastos
A poluição causada pelo plástico é um dos problemas ambientais mais comentados na atualidade e os microplásticos, que são fragmentos menores desses plásticos geralmente descrevidos entre 1 μm e 5 mm, são encontrados em quase todos ambientes do mundo, além disso, esses fragmentos são mais difíceis de quantificar do que suas versões maiores pois seu tamanho revela uma dificuldade de extração, identificação e quantificação. Entretanto, é estimado que sua presença nos oceanos esteja entre 12.5 - 125 trilhões e hoje em dia se é estudado o efeito que essa grande quantidade de microplásticos pode causar no ambiente marinho como um todo, sendo citado a possibilidade desses pequenos plásticos serem acumulados dentro de animais marinhos, afetando seu desenvolvimento.
Uma parte generosa da poluição gerada pelos fragmentos menores de plástico é responsabilidade do chamado microplástico primário, que foi nomeado assim pois é produzido especialmente para o fim industrial e não é proveniente dos processor degradantes do próprio plástico, como o microplástico secundário. Esses fragmentos são, há muitos anos, usados na indústria de cosméticos para a produção de esfoliantes, pastas de dentes e outros produtos, todavia, recentemente alguns países começaram a restringir o uso desse tipo de microplástico, forçando a produção industrial a procurar por ingredientes alternativos e ajudando a amenizar a liberação direta e desnecessária desse poluentes nos ciclos de água.
Podemos reparar que microplásticos estão presentes em diversos aspectos do nosso cotidianos, desde produtos que utilizamos até mesmo dentro do nosso próprio corpo. Recentemente, um estudo da Universidade Politécnica de Marche, na Itália, identificou a presença de fragmentos de plástico no leite materno e apesar de com o tempo começamos a entender e identificar a presença dos microplásticos, ainda não possuímos informações concretas que possam nos dizer se esse poluente possui um efeito prejudicial a saúde humana de forma direta e qual a magnitude do seu impacto, com isso, é preciso que sejam avaliadas os preocupantes aspectos gerados pela grande disponibilidade desses polímeros no ambiente terrestre.
Nas águas, os rios são um dos os maiores fornecedores de microplástico para os oceanos em decorrer do descarte direto de plásticos maiores ou dos próprios sistemas convencionais de tratamento de esgoto, que não são capazes de reter os microplásticos e de impedir que poluente chegue ao destino final das águas tratadas, que passam pelos rios e deságuam nos oceanos. A grande disponibilidade destes fragmentos de plástico nos mares está diretamente relacionada à atividade humana, que com seu crescimento não adaptou suas formas de tratamento de resíduos, por isso, é preciso que sejam aprimoradas técnicas de tratamento alternativas para impedir que esse tipo de poluição chegue até os mares e prejudique diversos aspectos ambientais.
REFERÊNCIAS
Lim, X. (2021). Microplastics are everywhere — but are they harmful? Nature, 593(7857), 22–25. doi:10.1038/d41586-021-01143-3
ARTHUR, Courtney; BAKER, Joel; BAMFORD, Holly. Proceedings of the international research workshop on the occurrence, effects, and fate of microplastic marine debris, September 9-11, 2008. 2009
Lubecki, L., & Kowalewska, G. (2019). Plastic-derived contaminants in sediments from the coastal zone of the southern Baltic Sea. Marine Pollution Bulletin, 146, 255–262. doi:10.1016/j.marpolbul.2019.06.0
コメント