15 Anos de histórias e conquistas: O início do PET.EAA e sua jornada inspiradora
Por: Alisson Borges
Introdução: O começo de tudo
O Programa de Educação Tutorial em Engenharia Agrícola e Ambiental (PET.EAA) completa nesse mês de outubro 15 anos de atuação marcante. Nesse texto, pretende-se apresentar um breve relato da cronologia do grupo. Pedimos desculpas nos casos em que a memória venha a falhar, mas vamos ao trabalho!
Consultando o website www.ufv.br/pet.eaa, percebe-se que já são mais de 50 Engenheiros Agrícolas e Ambientais formados que foram bolsistas do programa. Além destes, houve a contribuição de igual (ou maior) número de estudantes que foram bolsistas e deram sua valorosa contribuição, optando, no entanto, por outras carreiras.
Dessa maneira, não serão citados nomes individualmente, pois irmãos “são todos iguais” na visão de quem cuida / tutora. Todos foram, sem dúvida, importantíssimos nessa jornada e há a certeza de que cada um contribuiu com o seu melhor e levou algum aprendizado de sua estadia no PET.EAA.
A história do PET.EAA está ligada à trajetória acadêmica de seu idealizador, uma vez que fui bolsista do PET por quatro anos em Ouro Preto. A passagem mais marcante nessa época foi a participação no famoso protesto contra a extinção do PET (então Programa Especial de Treinamento) em Brasília, no ano de 1999 (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2909199907.htm).
Em 2004, houve o ingresso na UFV e uma das primeiras perguntas foi: Temos PET aqui? Para minha surpresa, só havia quatro grupos na universidade. Sem dúvida, um número muito acanhado para o porte e fama da instituição. Por outro lado, percebi que a cultura da pesquisa era fortíssima, e o programa PIBIC era muito bem estabelecido.
Em 2008 houve um edital do Ministério da Educação (MEC) para implantação de novos grupos PET. Houve conversas no Departamento de Engenharia Agrícola (DEA) e fiquei sabendo que em um passado remoto houve tentativas de implantação, sem sucesso. O resultado desse certame não foi o esperado, sendo que a proposta da EAA não foi selecionada no âmbito interno.
Afortunadamente, em 2009 houve outro edital, com 30 vagas para todo o Brasil. Melhoramos a proposta e, desta vez, optamos por não enquadrar o PET.EAA na categoria “curso” e sim na categoria “temática”. A temática escolhida foi “Meio Ambiente e Uso Sustentável dos Recursos Naturais”.
Quando a notícia da aprovação foi divulgada, houve um misto de euforia e apreensão, dada a grande responsabilidade de tocar o projeto no DEA. Citam-se os nomes do professores Mauri Martins Teixeira (então chefe do DEA) e Antônio Teixeira de Matos (então coordenador da EAA) como apoiadores da iniciativa. A eles nossos agradecimentos. Ato contínuo, houve o primeiro processo seletivo e começamos a trabalhar em 01/10/2009 (e não mais paramos!).
Anos 2009~2014
A primeira equipe foi formada pelo tutor e mais 6 petianos. Apesar da experiência como petiano em Ouro Preto, tudo era muito novo e desafiante, pois a responsabilidade era grande. A geração pioneira também carregava uma responsabilidade enorme, pois nada havia sido estruturado, ou seja, não havia um background de “como funcionava o PET.EAA”.
Por outro lado, havia a liberdade para que fosse decidida a maneira de trabalho. Uma lembrança singela desses primeiros momentos é que pensamos no pontinho separando PET e EAA justamente para ser um diferencial entre os demais e facilitar a lembrança na hora da criação de e-mail pet.eaa@ufv.br sites e afins.
Nossas reuniões eram no PVA, no DEA, na sala do tutor... até que depois de um tempo houve a conquista do espaço até hoje ocupado, nossa salinha no famoso Edifício Paulo Mário del Giudice. Como o espaço físico é algo muito importante, desde então criamos uma escala para que o ambiente pudesse ficar sempre utilizado e aberto para os demais colegas da graduação. Essa abertura veio da percepção de que quando o programa era “Especial de Treinamento”, havia um certo distanciamento entre os grupos PET e os demais discentes. Com a mudança da nomenclatura para “Educação Tutorial”, o que queríamos era justamente que todos os discentes caminhassem unidos realizando atividades extracurriculares enriquecedoras para o curso.
Outra dificuldade inicial foi mostrar que todos do grupo fariam ensino, pesquisa e extensão. Na hora de alocar os projetos de pesquisa para cada bolsista, havia uma dificuldade natural de explicar aos orientadores que os petianos teriam 10 horas para a pesquisa, mas que precisariam também de tempo para efetuar as demais atividades. Já no segundo ano aumentamos a equipe para 12 petianos e fomos “moldando” nosso grupo.
Nessa fase inicial, conseguimos viajar (UaiPET em Alfenas, Vale em Sabará) mesmo com pouco dinheiro. Ressalta-se que o custeio nessa época não estava sendo liberado pelo MEC e trabalhávamos com a nossa criatividade, em termos de recursos.
Em relação aos eventos, fizemos nossos primeiros “EADEA”, no início, uma exposição acadêmica, mas depois começamos a fazer um encontro de egressos. Quem nos conhece sabe da importância para nós da relação contínua e próxima aos egressos, à semelhança com o que ocorre nas universidades estrangeiras. Há um texto sobre isso no site do PET.EAA: https://peteaa.wixsite.com/pet-eaa/single-post/quem-s%C3%A3o-os-alumni.
No fim deste primeiro período, houve uma troca provisória na tutoria, fase na qual o Professor José Márcio Costa contribuiu muito com o programa.
Anos 2014~2019
Aos 5 anos o grupo já estava em busca de sua maturidade. Voltei de um pós-doutorado na Inglaterra e conseguimos continuar a selecionar bons estudantes para o programa.
Houve uma certa mudança na nossa atuação. A universidade vivia a fase do grande incentivo ao empreendedorismo, com o auge da feira “Carreiras”. Havia muita gente que atuava ao mesmo tempo no PET.EAA e Agrijúnior ou Centro Acadêmico. Sempre incentivamos isso, desde que o bolsista “se garantisse” mantendo o bom nível de sua atuação em todas as entidades. E foi o que ocorreu: nessa época lembro que todo o tratamento visual (layout) e de marketing recebia uma atenção muito especial da turma. O PET.EAA era elogiado por suas apresentações inovadoras nos InterPET e nos eventos em geral.
A regra do Programa pressupõe que cada grupo iria receber o valor de 12 bolsas anuais para o custeio (manutenção do grupo). Creio que só uma vez recebemos tal valor. Mas foi nessa época que começamos a receber consistentemente o custeio equivalendo a 6 bolsas. Isso foi muito importante para a qualidade das atividades, principalmente as externas (extensão e visitas).
Em relação à extensão, o marcante projeto “Solos na Escola” atravessou essas duas primeiras gerações. Também fomos contemplados pela FAPEMIG com um financiamento para um projeto de extensão, sobre coleta seletiva em moradias “Minha Casa Minha Vida”.
Dada a essa pegada “empreendedora”, no final dessa fase foi moldado o evento “EAA e o Mercado”, e a primeira edição foi bem marcante, com direito a um jantar de encerramento onde os representantes das empresas dialogavam informalmente com os bolsistas e os formandos da EAA.
Em 2019, comemoramos os 10 anos do PET.EAA na sede da ASPUV, com uma festa bem divertida, com bolsistas, professores e com vários egressos do grupo, que nos brindaram com sua presença.
Anos 2019~2024
No início dessa terceira fase, começando a segunda década do PET, iríamos fundir o EADEA e o EAA e o Mercado, promovendo o evento “+EAA”. A turma de turno era muito boa e teve uma responsabilidade que nunca imaginaríamos: como tocar o PET na pandemia?
Isso mesmo. Em 2020, em meio a uma tempestade de novas ideias de projetos para o PET.EAA, fomos surpreendidos negativamente pela pandemia de COVID-19. Ficamos muito apreensivos, tendo notado que não só a saúde física estava ameaçada, mas a nossa sanidade mental também.
Foram muitos os desafios, talvez os grandes de nossas vidas. Aquela geração ajudou demais, pois dominavam todas as ferramentas online, redes sociais e afins. Lembro-me que houve uma ideia muito boa de gerir nossas atividades via uma planilha PowerBI que funcionava muito bem.
Em relação às atividades, conseguimos fazer inúmeras “lives” e atividades online, síncronas e assíncronas. Um exemplo interessante foi o “EAA no Exterior”, na qual tivemos a presença virtual de egressos que vivem e trabalham no exterior.
Também houve dificuldades, o que é natural: a saudade do “PET físico”, que não ocorreu na pandemia e a dificuldade de sempre obedecer ao número limite de reprovações. Em relação a este último percalço, verificamos que era possível que os interessados fizessem novo processo seletivo para voltar ao PET após a saída, desde que respeitado um período de “quarentena”.
Com a volta as atividades, tivemos até mesmo que “reaprender”, nos organizando em novas subdivisões. Graças a Deus conseguimos passar por esse período tão triste e desafiador que foi a pandemia. Em 2022 houve a realização de Coneeagri (XXXV Congresso Nacional de Estudantes de Engenharia Agrícola e Ambiental) e o pessoal “entrou de cabeça”, apoiando firmemente a organização.
Em 2023 a Professora Flora Villar assumiu a tutoria. Acompanho de perto a atuação do grupo e percebo que todos estão imbuídos na ideia de manter e melhorar tudo o que temos. Nada como “sangue novo” e ideias novas para que a chama de sonhos antigos continue acessa. Ressalto que estou sempre disponível para ajudar, pois todos sabem do meu entusiasmo com esse programa que para mim é uma das melhores iniciativas para melhoria da graduação em nossas instituições. E assim chegamos a outubro de 2024...
Uma vez petiano, petiano sempre!
Vamos encerrar este breve histórico com dois parágrafos: um do passado (agradecimentos) e outro para o futuro (sigamos em frente!).
Como citado inicialmente, não vamos incorrer no risco de sermos injustos ao esquecer um nome para trás. Agradecemos aqui a todos, formados na EAA ou que trilharam outros caminhos, por tudo o que fizeram pelo PET. Cada um dentro de sua personalidade, seu jeito, seu olhar e suas possibilidades, mas certamente cada contribuição foi importante. Tivemos esportistas, jogador de futebol, amazona e handebolista, excelentes músicos, violeiros, saxofonista e solistas, cinéfilos, viciados em livros e gamers. Ativistas políticos e das minorias, representantes estudantis, fluentes em inglês, em catalão e estudantes de chinês. Hoje temos muitos que já são mestres, doutores, técnicos educacionais e professores. Pais, mães, tios e tias. Gente morando Brasil afora e até mesmo trabalhando no exterior. Empreendedores e engenheiros agrícolas e ambientais nas melhores empresas do mercado. Católicos, evangélicos, espíritas e demais com pensamento em prol de um mundo melhor. Agradecemos a cada um pois no final somos PETIANOS e essa “tatuagem” é para sempre.
Nós sempre vemos como diferencial do PET.EAA a relação próxima com os egressos (http://www.wikieaa.ufv.br/doku.php). Fico muito feliz em ver que há a manutenção desse contato, pois acho estratégico para algumas ações do PET e da universidade. Como é bom ouvir ou ter notícias de um egresso que está realizado em seus afazeres e a fala destes para os atuais jovens engenheirandos faz uma diferença que é de difícil mensuração.
Para o futuro, vemos que o grupo continua o legado e é referência na UFV, com ações inovadoras na tríade ensino, pesquisa e extensão. Cabe a cada geração marcar a sua passagem na história, de acordo com as ferramentas e condições que estão sendo disponibilizadas. Temos certeza que o PET.EAA comemorará muitos e muitos anos de atuação junto a nossa comunidade agricolina! Viva o PET, Viva o DEA, Viva a EAA!
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