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Integração Lavoura-Pecuária-Floresta: Quais as dificuldades da implantação?

A partir da década de 70, o agronegócio incorporou o cerrado ao processo produtivo, o que explica grande parte do sucesso desta área econômica. Uma vez que a produção de grãos cresceu cerca de 583% em 41 anos. Entretanto, este avanço sobre o cerrado também trouxe consigo problemas ambientais devido a decorrentes décadas de práticas agrícolas de monocultivo, o que gera uma grande pressão sobre o ambiente, como erosão, perda de fertilidade dos solos, assoreamento de rios, poluição do solo, dos lençóis freáticos e dos rios e também uma grande emissão de gases estufa.

Para se tornarem economicamente viáveis, os meios de produção tradicionais do agronegócio, como a pecuária extensiva e a monocultura necessitam da expandir suas áreas, uma vez que, como o manejo inadequado e a falta de reposição de nutrientes, ocorre diminuição na eficiência das produções, exigindo assim que novas áreas sejam exploradas.

Entretanto, como o agronegócio refere-se a uma grande parcela do PIB brasileiro, o cenário se torna complexo quanto ao combate a degradação do meio ambiente. Para isso, novas técnicas de manejo de áreas foram desenvolvidas, visando aumentar a produtividade, sem a necessidade de exploração de áreas que ainda possuem vegetação nativa. Uma destas técnicas, é chamada de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), ou simplesmente sistema agrossilvipastoril.

A ILPF nada mais é que um sistema de produção que visa o manejo correto da terra, integrando os componentes do sistema produtivo e aumentando a qualidade do produto, a qualidade ambiental e também a competitividade no mercado.

Figura 1: ILPF (Revista Globo Rural)

O ILPF pode ser dividido em 4 modalidades, sendo elas:

- Integração Lavoura-pecuária: modelo que integra pecuária e produção de grãos em rotação, consórcio ou sucessão.

- Integração Pecuária-Floresta: modelo que integra a pecuária com o componente florestal em consórcio.

- Integração Lavoura-Floresta: modelo que integra a componente agrícola com espécies arbóreas.

- Integração Lavoura-Pecuária-Floresta: modelo que integra os três componentes em rotação, consórcio ou sucessão. O componente agrícola se restringe, na maioria das vezes, a fase inicial de implantação do componente florestal, visando recuperar o solo.

Mas pergunta que muito se faz é: Se o sistema é bom, porque não está totalmente implementado?

O processo de mudança é gradual, a ILPF tem sido implementada pouco a pouco em algumas regiões mais necessitadas. Entretanto, para ser implementada, ela necessita mudar os sistemas tradicionais de manejo da terra, uma vez que, como visa a recuperação de áreas degradadas, em especial pastagens, exige do produtor um investimento em outras áreas (agrícola e florestal). Outra dificuldade, é a necessidade de conhecimento da área e das características da propriedade, pois é necessário implementar culturas devidamente adaptadas ao clima e relevo da região, bem como saber realizar a rotação de culturas adequadamente e as espécies de árvore adaptadas que deverão ser plantadas.

Quando se busca implementar a ILPF numa propriedade, é necessário iniciar uma produção de grãos, para iniciar a recuperação da área. A partir deste momento, iniciasse o plantio florestal, com espécies adaptadas a região. Os animais só podem ser inseridos na propriedade após a recuperação do solo. As árvores integram uma função de conforto térmico aos animais, o que garante maior produtividade, tanto para corte, quanto para leite. A forragem só é indicada a partir do segundo ano em consórcio com os grãos para prover alimento aos animais. O sistema se torna economicamente viável, mas diferente dos manejos tradicionais, necessita maior conhecimento e também ocasiona maior trabalho.

As limitações do sistema ILPF se resumem a quando se possui solos declivosos, o que impossibilita a utilização de maquinário agrícola, dificultando um pouco a produção grãos. Além disso, é indicado que se inicie em áreas menores e conforme o produtor for ganhando experiência no sistema, vá ampliando ao restante de sua propriedade, uma vez que como já citado anteriormente, não é um sistema de fácil manejo.

O retorno referente aos investimentos feitos para a adequação da propriedade ao sistema ILPF gera em torno de 4 a 8 anos, sendo considerado um investimento a longo prazo. Isso ocasiona a necessidade de incentivo político-econômico para sua aplicação, por isso foi desenvolvido o Programa Agricultura de baixa emissão de carbono (Programa ABC), que visa proporcionar financiamento com baixas taxas de juros a produtores interessados em ingressar na agricultura sustentável.

O que se pode prever para os próximos 20 anos, é a adequação as técnicas de ILPF pouco a pouco, na medida em que for se tornando necessária sua utilização devido ao desgaste das áreas de produção no modelo tradicional. Entretanto, a aplicação da técnica nestas áreas desde já, surtiria um grande efeito para auxiliar no combate ao desmatamento ilegal nos biomas florestais brasileiros, pois além de economicamente mais rentável, também obriga ao produtor ter um conhecimento ecológico mais avançado, levando-o assim a desenvolver uma consciência ambiental.

Fontes: Sociedade de Investigações Florestais: “iLPF – O que é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta?” – disponível em: <http://www.sif.org.br/noticia/ilpf--o-que-e-integracao-lavoura-pecuaria-floresta>

Embrapa: “O que é ILPF” – disponível em: <https://www.embrapa.br/web/rede-ilpf/o-que-e>

Revista Globo Rural: “ILPF: Variações possíveis e rentáveis” – disponível em: <https://revistagloborural.globo.com/Integracao/noticia/2016/09/ilpf-variacoes-possiveis-e-rentaveis.html>

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