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UFV 90 anos: Crônica de um estudante


Parece que o orgulho se torna ainda maior numa data comemorativa dessas. É aquele momento que paramos um pouquinho pra observar a beleza que nos cerca e que na correria do dia-a-dia entre uma aula e outra não nos damos à oportunidade de perceber. Parece que foi ontem a primeira visita ao campus, o deslumbramento de ver tanta coisa bonita de uma só vez, de observar a lagoa, de tirar foto das capivaras, de se admirar com o Bernadão, de observar seus futuros colegas de instituição caminhando e imaginar que daqui alguns dias você também fará parte daquilo.


As incertezas e sonhos de um calouro começam a brotar, sair de casa, morar com pessoas diferentes, ter uma liberdade nunca antes provada, mas às duras penas de talvez pela primeira vez se ver longe de seus pais. Que tipo de estudante vou ser? O melhor é claro! O mais esforçado, o estudioso, afinal, eu sempre fui um bom aluno na escola, não deve ser muito diferente. E logo vêm a primeira semana de aula, colegas, calouradas, trotes e uma infinidade de siglas que meu Deus, pensava que nunca iria decorar: “Tenho aula de MAT140 no PVA e depois vou para o ECS” parecia uma frase em uma língua completamente desconhecida. Mal sabia que em pouco tempo tais siglas seriam tão comuns, tão cotidianas, que mal nos lembramos do medo de ter que perguntar onde fica um prédio para algum veterano e correr o risco de parar no Departamento de Zootecnia.


Aquele primeiro mês ainda nos possibilitava sentar calmamente na grama, no DCE ou em qualquer lugar que seu grupinho de novos colegas se habituou e conversar trivialidades depois do almoço enquanto comia alguns docinhos da “Tia do MU”. Mas não demoraram muito e começaram chegar as provas e talvez com elas, sua primeira decepção com a UFV: alguma nota que não era tão esperada. Você não entendeu, se culpou, talvez até chorou de desespero e pela primeira vez percebeu que a escola ficou pra trás e agora as dificuldades não seriam as mesmas.


Assim vai se passando a graduação, entre horas de estudos na BBT, entre dividir com os colegas momentos bons e ruins, entre as longas filas do RU bem naquele dia que você estava morrendo de pressa ou aquela correria pra uma aula que é num prédio distante e você tem 10 minutos pra chegar. Você entra em algum grupo, seja acadêmico, religioso, esportivo e aquelas “janelas” na grade passam a ser ocupadas com algo a mais do que um papo descontraído e um salgado no DCE. Começa a virar um total viciado em café e nem se lembra mais quando criou essa mania, assim como não se lembra do que aconteceu naquela festa em que bebeu um pouquinho mais do que devia e precisou dos seus amigos para te contar o que você fez.


Entra semestre, sai semestre e quando você para um pouquinho para pensar, daqueles 4 ou 5 anos que aquele calouro inseguro achou que demoraria uma eternidade para passar, alguns já foram sem que você nem se dê conta. Quanta coisa aconteceu! Você sem perceber mudou, cresceu, fez amizades, aprendeu com os erros. Como num passe de mágica a UFV te tornou adulto! Talvez não o adulto que você imaginava há alguns anos atrás, mas uma pessoa que se conhece muito melhor do que quando entrou aqui. Você para e começa a pensar nas lágrimas que derramou de frustração, que talvez já pensou em desistir, mas lembra-se também dos sorrisos com os amigos, da cerveja na Rita ou quando você saiu gritando após mal acreditar que passou na disciplina. Lembra-se daqueles professores carrascos, daqueles que lhe dava sono e daquele professor que fez a diferença.


E é num desses momentos de comemoração que percebemos que paramos para admirar a Universidade que nos dá tanto orgulho, que com o encantamento de um calouro vemos que o Ipê Amarelo em frente à BBT floriu e que fazemos parte desses longos 90 anos, mas que acima disso, entre sorrisos e lágrimas, entre lembranças e momentos, a UFV faz parte da nossa vida!


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