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E a Crise Hídrica?


O Brasil viveu, entre 2014 e 2015, o que talvez seja a maior crise hídrica da sua história. São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro foram os estados mais afetados por essa crise no abastecimento, sendo que a região Nordeste também foi bastante atingida , principalmente na região junto à foz do Rio São Francisco. O que se via a todo tempo nas mídias eram reservatórios operando em volume morto, cidades com racionamento de água, pessoas disputando o líquido entre si e até mesmo se arriscando em meio a jacarés. Em fevereiro de 2014 eram aproximadamente 142 cidades vivendo a dura realidade do racionamento, segundo o jornal folha de São Paulo. No entanto, neste ano há uma perspectiva um pouco diferente: as chuvas têm sido mais frequentes e os reservatórios vêm se recuperando.

Alguns fatores influenciam na escassez hídrica, como por exemplo, o consumo crescente decorrente do aumento populacional; poluição e degradação das reservas hídricas caracterizada principalmente pela disposição do esgoto não tratado nos corpos hídricos; degradação dos recursos naturais como solo e mata ciliar; e as mudanças climáticas, embora essa última não seja consenso na comunidade científica.


Por pior que seja a situação temos sempre que vê-la pelo melhor lado. Não há divergências ao falar que a falta de abastecimento é trágica e até desumana, visto que a água é um bem essencial à vida. No entanto, a crise hídrica trouxe alguns aspectos positivos, como o início da mudança de hábitos da população. No que diz respeito à economia de água por exemplo, na região metropolitana de São Paulo, 82% da população passou a usar mais conscientemente a água, segundo a secretária de recursos hídricos, Mônica Porto - tudo bem que os que consomem de maneira exagerada recebem multa, mas às vezes o único jeito de se conseguir mudanças efetivas é, "mexendo no bolso”. Outro exemplo é o município de Batatais (SP), que reduziu o consumo de água em 30%, segundo dados da prefeitura em matéria para o G1. Enfim, parece pouco, mas é um começo que nos deixa mais esperançosos.


Outro ponto importante a ser destacado é que aproximadamente 70% da água doce é utilizada na agricultura e isso merece nossa atenção, visto que muitos criticam essa prática alegando ser a agricultura uma atividade de consumo excessivo. Entretanto, hoje é difícil pensar em agricultura de grande escala sem irrigação, pois esta garante produtividade e maior segurança no que se refere a freqüência incerta das chuvas. Há de se considerar também que em torno de 90% da água consumida pelas plantas são perdidos através da transpiração, voltando assim para o ciclo hidrológico segundo Pires, 2008. Ainda assim é necessária uma grande atenção a esse setor, sendo importante todas as etapas do processo de irrigação, como por exemplo, o projeto, seleção mais adequada do método de irrigação, instalação, operação e manutenção dos equipamentos no campo e o manejo da água.


Este ano, apesar de termos uma situação um pouco mais favorável, o fantasma da crise hídrica ainda nos assombra e é preciso que a população se conscientize cada vez mais para consumir somente o necessário. É importante também mais investimento do governo para instalar estações de tratamento de esgoto e redes de coleta, evitando, ou reduzindo drasticamente a poluição das águas superficiais. O Brasil encontra-se ainda muito atrasado nesse quesito. Outra questão que seria interessante é efetivação de um sistema de multas para consumo excessivo e lançamento de esgoto sem tratamento, além da exigência de profissionais qualificados para instalação de um sistema de irrigação.


Fonte:

PIRES R.C. M. et al. Agricultura Irrigada. Revista Tecnologia e inovação agropecuária. Junho de 2008. Disponível em: <http://bit.ly/1lqwLVy >


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