A revolução do Cerrado: O caminho do Brasil para a liderança mundial na produção de soja
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A soja chegou ao Brasil no final do século XIX na Bahia, porém, não se adaptou ao clima. Assim, foi efetivamente produzida em maior escala no Sul do país, durante a década de 1920. Inicialmente, ela foi cultivada como uma alternativa ao trigo, que já era uma cultura tradicional na região. O principal motivo para a adoção da soja foi a crescente demanda por farelo proteico para a alimentação de bovinos, suínos e aves, setores que estavam em franca expansão no Brasil. Os solos férteis e o clima ameno da região Sul favoreceram o crescimento rápido da cultura, com cultivares vindos dos Estados Unidos.
Com a crescente produção de soja no Sul do país, os agricultores viram uma excelente oportunidade de desenvolver o agronegócio nacional, porém havia uma barreira que impedia a expansão para o centro do país, o Cerrado. Por mais que tenha uma topografia ideal para plantios, com vastas áreas planas, facilitando a mecanização, o Cerrado possui um solo pouco fértil e muito ácido, com grandes quantidades de alumínio, sem contar as chuvas intermitentes, com período seco prolongado.
A solução para tornar o Cerrado viável para a soja veio por meio de intensos investimentos em pesquisa e tecnologia, liderados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em 1980 foi lançada a primeira cultivar adaptada para a região central, a cultivar Doko. Após o sucesso da adaptação da leguminosa de região temperada em áreas tropicais, os investimentos e pesquisas avançaram e, cerca de 440 cultivares foram desenvolvidos com intuito de se adaptarem a diferentes climas, tipos de solos, aumentando sua resistência a doenças, insetos e herbicidas.
Além da criação de cultivares geneticamente modificados, outros fatores foram cruciais para o aumento da produção dessa leguminosa. Os avanços em estudos do solo contribuíram para que os produtores realizassem tanto a calagem de maneira correta, para corrigir o pH do solo, e adicionar nutrientes em falta. Os cultivares com duração de safra menor, permitiam que a mesma área fosse cultivada com duas safras ao ano utilizando apenas o período das chuvas. Inicialmente, plantando a soja e, em seguida, o milho, que além de gerar renda extra, deixa uma grande quantidade de palhada de cobertura, favorecendo o plantio direto, que conserva a umidade do solo e evita erosões até a próxima safra.
O Cerrado, que antes não produzia, uma região de solos ácidos e inférteis, passou por uma transformação notável graças à pesquisa científica, ao uso de corretivos de solo e às inovações tecnológicas de plantio e colheita, e se tornou o protagonista da produção mundial de soja superando os Estados Unidos, fortalecendo tanto a segurança alimentar quanto a economia do Brasil como um todo.
REFERÊNCIAS
AGROLINK. A tecnologia viabilizou a soja no Cerrado. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/colunistas/coluna/a-tecnologia-viabilizou-a-soja-no-cerrado_412515.html. Acesso em: 11 fev. 2025.
EMBRAPA. Linha do tempo com cultivares conta a história da soja no Brasil. Disponível em:https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/98339960/linha-do-tempo-com-cultivares-conta-a-historia-da-soja-no-brasil. Acesso em: 11 fev. 2025.
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