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O grande "cisne negro" de 2020 (ou não?)

Ao longo da história, os anos 20 foram palco das maiores reinvenções da humanidade e de grandes complexidades e incertezas, que exigiram dose extra de habilidades para lidar com tantas transformações. Pós-guerra, arte, dança e falência: estes foram alguns dos marcos da década de 20 do século XX. Do fim da Primeira Guerra Mundial, e a consequente ascensão dos Estados Unidos como potência global, à quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929 - encerrando o fim desta época de prosperidade. Além disso, foi nos anos 20 do século passado que as mulheres começaram, enfim, a alcançar alguns direitos no que diz respeito à igualdade de gênero e oportunidades. Entretanto, mesmo 100 anos depois, a luta ainda continua.


Ao contrário do século passado, iniciamos esta década de 20 sem uma grande prosperidade. Logo no início do ano ocorreu a morte do principal general iraniano no Iraque por ação militar dos Estados Unidos, aumentando a tensão global; e quando parecia que o que havia de susto a se tomar já havia passado, eis que aparece o grande “cisne negro” de 2020, o novo coronavírus.

Mas o que é um “cisne negro”? O conceito foi criado pelo economista libanês Nassim Nicholas Taleb, e faz alusão ao animal que se considerava inexistente até ser visto, pela primeira vez, na Austrália no século XVII. Segundo ele, um “cisne negro” pode ser considerado um outlier, ou em português, “um ponto fora da curva”, o que significa que o termo pode ser considerado um evento de extrema raridade e que provoca um impacto violento sobre as pessoas.

Cisne negro (ROCK CONTENT, 2020)



Crises globais como a do subprime de 2008, atentados terroristas em grande escala como o de 11 de setembro e a ascensão do Google são exemplos de cisnes negros que são praticamente impossíveis de serem previstos, ou seja, estamos constantemente à mercê do inesperado. Para Taleb, após a sua ocorrência, inventamos um meio de torná-lo menos aleatório e mais explicável, pois a natureza humana nunca foi preparada para assimilar esses acontecimentos.


Seria, então, o novo coronavírus um “cisne negro”? Em sua participação no evento XP Expert da XP Inc. na última semana, do qual participei, o criador do conceito disse que a pandemia não pode ser considerada um “cisne negro”. “Já tivemos diversos exemplos de pandemias ao longo da história que levaram a população a períodos de quarentena”, disse Taleb. A ocorrência de uma pandemia, na avaliação do especialista, era uma probabilidade no radar, mesmo antes do surgimento do novo coronavírus: “não se sabia ao certo quando ou onde ela teria início, mas não se tratava de um evento totalmente inesperado”.


A questão é, até onde poderíamos prever o novo coronavírus e seus impactos? De fato, a atual pandemia envolve incógnitas conhecidas em outros tempos. Embora a natureza exata e o momento deste evento não fossem previsíveis com alta probabilidade, a gravidade das consequências era. No caso da COVID-19, epidemiologistas e outros especialistas em saúde vêm, durante décadas, publicando artigos sobre o perigo de uma pandemia viral, inclusive recentemente, como no ano passado.


O que nos cabe é o aprendizado: com informações confiáveis podemos agir de maneira responsável, reduzindo os impactos da pandemia. O novo coronavírus e a teoria do cisne negro nos mostram isso.


O desafio é seu. É nosso. E já foi de muitas pessoas que viveram antes de nós...



REFERÊNCIAS:


ROCK CONTENT. A teoria do cisne negro aplicada ao coronavírus. Disponível em: <https://inteligencia.rockcontent.com/teoria-cisne-negro-coronavirus/>. Acesso em: 19 jul. 2020.

TALEB, N. N. A lógica do cisne negro: o impacto do altamente improvável. 9ª. ed. Rio de Janeiro: Best Business, 2015.


 

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