O que está por trás dos tipos de cafés comercializados?
- Odeir Schott Filho
- 5 de abr. de 2016
- 4 min de leitura
Na comercialização do “pó de café” existem diversas normas de qualidade que, muitas vezes, não são de conhecimento dos consumidores. As embalagens dizem muito a respeito do produto que estamos adquirindo. Sendo assim, quais são as diferenças entre o café “extraforte” e o tradicional, quando se tem por dentro da embalagem um mesmo produto: o café torrado e moído?

Antes de conhecermos estas diferenças, vamos entender os critérios de classificação que existem e algumas definições:
O “Café cru”, ou em grão, é a semente beneficiada do fruto maduro de diversas espécies do gênero Coffea, principalmente arábica e robusta. É este “Café cru” que posteriormente será torrado e moído, produzindo o popular “pó de café” que será classificado de acordo com: o tipo, a bebida, a granulométrica e a cor do fruto.
O primeiro fator a ser considerado, para definir a qualidade do café, é a sua espécie, uma vez que as espécies arábica e robusta são diferentes: A Arábica produz um café mais fino, apresentando uma bebida de qualidade superior, com um maior aroma e sabor (contudo, ainda existem variações de aromas e sabores dentro dessa espécie). O Robusta utilizado nos blends (misturas), com o arábica, foi criada com a finalidade de encorpar a bebida e diminuir a acidez da espécie Arábica. Sendo assim, oferece um produto de menor custo e adequa o gosto à preferência ou costume de alguns consumidores.
CLASSIFICAÇÃO DO GRÃO — A análise é realizada em cima de uma amostra, uniforme, de 300 gramas do produto, cujo "tipo" será determinado em função da quantidade de defeitos. A tabela COB (Classificação Oficial Brasileira) classifica o café de "Tipo 2" a "Tipo 8" - e mais uma qualidade inferior -, sendo que um "tipo" de número menor indica um café com menos defeitos.
Fonte: www.mexidodeideias.com
Um quesito que define e valoriza o tipo de café é a uniformidade. Os classificadores usam uma terminologia específica para avaliar o tipo de bebida: "Estritamente Mole" (Strictly Soft), "Mole" (Soft), "Dura" (Hard), "Riada" (Rioy), "Rio" (Rio) e "Rio Zona" (Rio Zona). Sendo o "Estritamente Mole" de maior valor agregado e o "Rio Zona" na outra ponta da classificação como de menor qualidade.
CLASSIFICAÇÃO QUANTO A TORRA - Recomenda-se que o ponto de torra do café varie entre 45 e 75 pontos no disco Agtron ou equivalente correspondendo ao intervalo moderadamente escuro e moderadamente claro como descrito na figura abaixo:
Fonte:SCAA
CERTIFICAÇÃO GLOBAL DA BEBIDA – Degustadores treinados pela Associação Brasileira das indústrias de café (ABIC), determinam a qualidade do café por meio do paladar, olfato e tato e atribuem um conceito de qualidade global usando uma escala linear de 0 para muito ruim a 10 café excelente (ABIC, 2006e)
Agora já podemos avaliar melhor o nosso “pó de café” analisando os tipos de café que existem no mercado:
Café Gourmet
É aquele considerado mais raro e exclusivo que tem somente atributos de qualidade positivos, características únicas e marcantes. Normalmente, tem doçura própria, aroma e sabor que lembram cereais torrados, flores, frutas ou achocolatados (SEBRAE, 2005).
Espécie: Somente Café Arábica.
Qualidade de bebida: Estritamente mole ou mole.
Classificação COB: 2 a 4.
Ponto de torra: Moderadamente clara a quase média correspondendo 60-65 no disco Agtron.
Deve ser embalado à vácuo em atmosfera inerte ou com válvula aromática. Outras formas de embalagem deve ser administradas com prazo de validade inferior a 10 dias após a torração.
Certificação Global da Bebida: 7,3 à 10
Cafés Superiores
Têm qualidade reconhecidamente boa e são acessíveis aos consumidores que mantêm a sua fidelidade à bebida.
Espécies: Somente arábica ou Blendados com café robusta com limite de até 15%.
Qualidade das bebidas (Robusta e Arábica): Bebida Dura a Mole.
Classificação COB: 2 a 6.
Ponto de torra: entre Médio e Moderado ou seja 50 a 65 no disco Agtron.
Deve ser embalado a vácuo ou com atmosfera inerte ou com válvula aromática. Outras formas de embalagens devem ser administradas com prazo de validade inferior a 15 dias após a torração.
Certificação Global da Bebida: 6 à 7,3
Cafés Tradicionais
Espécies: São Blendados com café robusta. Sem limite de Blend mas preservando aroma e sabor, são utilizados normalmente 20% de robusta chegando até a 30%.
Qualidade das bebidas: Qualquer
Classificação COB: até tipo 8
Ponto de torra: Entre moderadamente escuro a médio claro, ou seja, 45 a 65 no disco Agtron.
São embalados a vácuo e também existem embalagens do tipo “almofada” no mercado.
Certificação Global da Bebida: nota maior ou igual a 4,5
Esses são os cafés mais encontrados no mercado. Assim, cafés com uma qualidade diferente ao tradicional é denominado por exemplo como café extraforte, este possui ponto de torra alto e desta forma não consegue ser classificado como tradicional. Ao contrário do que pode parecer o termo extraforte tem relação apenas com o ponto de torra e não significa mais cafeína ou qualidade superior. O mesmo se atribuí para os cafés denominados “fortes”, estes possuem os atributos dos cafés tradicionais, mas também necessitam de um ponto de torra diferente. Encontramos também no mercado a existência dos Cafés Funcionais que são os descafeinados, vitaminados, orgânicos, enriquecidos, entre outros atributos. E os Cafés Inovadores são os produtos de uma nova geração tecnológica como os cappuccinos e os shakes.
Fontes e pesquisas:
Agroindústria de café torrado e moído: viabilidades técnica e econômica / Ronaldo Perez [et al.]. – Viçosa, MG : UFV,2008
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